Esporotricose: o que todo pediatra precisa reconhecer
Nas últimas décadas, a esporotricose deixou de ser uma infecção subcutânea esporádica, típica de jardineiros e trabalhadores rurais, para se tornar uma emergência urbana zoonótica, com transmissão massiva por gatos domésticos infectados. E, sim — as crianças estão cada vez mais vulneráveis.
Se você atua em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife ou Natal, provavelmente já se deparou com alguma família que teve "um gato doente com feridas" em casa. E se ainda não viu uma criança com esporotricose... prepare-se. Ela vai chegar ao seu consultório.
A doença e seus bastidores
A esporotricose é causada por fungos do gênero Sporothrix, especialmente a espécie Sporothrix brasiliensis — altamente virulenta e adaptada aos felinos, com capacidade de sobreviver a temperaturas elevadas como a do corpo dos gatos (~39 °C). A infecção ocorre por inoculação direta (arranhões, mordidas, contato com secreções) ou raramente por inalação de esporos.
A doença passou a ser de notificação compulsória em 2025, após pressão de especialistas e surtos crescentes no Brasil, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste.
Por que se preocupar com a pediatria?
Porque as crianças:
Brincam com animais de forma intensa e sem proteção;
Frequentemente apresentam lesões cutâneas inexplicadas que não melhoram com antibióticos tópicos ou orais;
Podem ser vítimas silenciosas de surtos familiares, onde o gato doente contamina vários membros do domicílio.
Estudo publicado na Brazilian Journal of Microbiology mostrou que, em São Paulo, quase todos os pacientes com esporotricose tinham histórico de contato com gatos (96,5%), e houve aumento de 700% nos casos entre 2016 e 2018.
Como identificar na prática?
Suspeite de esporotricose se a criança:
✅ Tiver histórico de arranhão ou mordida de gato (mesmo “brincando”);
✅ Apresentar lesão nodular em “cordão”, sugerindo trajeto linfático (forma linfocutânea);
✅ Tiver uma lesão única, ulcerada e indolor, que não responde a antibióticos (forma cutânea fixa);
✅ Morar em regiões endêmicas ou com surtos felinos recentes.
O diagnóstico é confirmado por cultura fúngica ou biópsia. O exame micológico direto pode não detectar o agente. A sorologia tem se mostrado promissora.
E o tratamento?
O antifúngico de primeira escolha é o itraconazol oral, por 3 a 6 meses. A dose pediátrica gira em torno de 5 a 10 mg/kg/dia.
Casos graves (disseminados, pulmonares, imunocomprometidos) requerem anfotericina B lipossomal.
A termoterapia local (compressas mornas) pode ajudar em casos leves com lesão única.
O que você pode fazer como pediatra?
Suspeite, investigue e notifique.
Oriente as famílias sobre os riscos de manter gatos com feridas em casa sem tratamento.
Colabore com equipes de saúde pública e veterinária local.
E, sobretudo, não trate como “infecção de pele comum” uma lesão que não melhora com antibióticos.
✉️ Conclusão
A esporotricose é uma doença negligenciada, mas com crescimento alarmante — especialmente no público pediátrico, onde a curiosidade e o carinho pelos pets podem esconder um inimigo microscópico e oportunista. Em tempos de epidemia urbana, a atenção clínica e a educação das famílias são nossas melhores armas.
📚 Quer aprofundar o tema?
Confira o artigo completo na Brazilian Journal of Microbiology:
Human sporotrichosis in São Paulo – Clinical and therapeutic aspect
O risco que começa com um simples chiado
Tosse leve. Chiado. Um desconforto respiratório que não parece urgente.
Quantas vezes esses sinais passaram despercebidos no início de um atendimento?
A bronquiolite viral aguda é hoje uma das principais causas de hospitalização em bebês — e, muitas vezes, a piora clínica acontece em menos de 24 horas após os primeiros sintomas.
O maior desafio está nos sinais iniciais: sutis, silenciosos e facilmente atribuídos a quadros virais autolimitados. Mas ignorá-los pode significar perder a janela de intervenção precoce.
Um estudo da Cochrane Database of Systematic Reviews reforça que, mesmo em ambientes hospitalares, a transmissão de vírus respiratórios continua ativa, e que medidas simples como isolamento, barreiras físicas e higienização frequente são eficazes — especialmente em contextos com crianças pequenas (Jefferson et al., 2011).
Ou seja, o risco existe mesmo sob protocolos. E exige vigilância clínica desde os primeiros atendimentos.
Além disso, um artigo publicado no European Journal of Pediatrics lembra que condutas baseadas em evidência e aplicadas de forma precoce fazem diferença significativa nos desfechos pediátricos — mesmo em quadros inicialmente leves (Moreno-Villares et al., 2024). Isso vale para cólicas, alergias e, com ainda mais impacto, para doenças respiratórias como a bronquiolite.
Por isso, mais do que reconhecer a bronquiolite quando ela já está instaurada, o que precisamos é afinar nosso olhar clínico para detectá-la enquanto ainda há tempo.
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