Como acertar no diagnóstico das lesões pustulosas no recém-nascido
A clássica cena do consultório:
Entra um bebê de 4 semanas, bochechas salpicadas de lesões vermelhas e mães apreensivas:
“Doutor, meu bebê está com espinhas. É normal?”
A resposta curta seria: sim, pode ser.
Mas a resposta clínica completa envolve muito mais do que acne.
Acne neonatal ou só parece?
A acne neonatal verdadeira costuma surgir entre a segunda e sexta semana de vida, apresentando comedões abertos e fechados, pápulas e pústulas, predominantemente na face. É, em geral, benigna e autolimitada.
Mas outras condições imitam essa apresentação — e a confusão diagnóstica é comum até entre especialistas.
As mais frequentes incluem:
O que há de novo (2024–2025)
SBP – Guia de cuidados com a pele neonatal
Reforça que a acne neonatal leve não precisa de tratamento, apenas higiene suave com água morna e sabão neutro.
🔒 Evitar óleos e cremes emolientes, que podem piorar o quadro.
SBD – Nota técnica sobre acne na infância
Diferencia a pustulose cefálica da acne: sem comedões, associada à proliferação de Malassezia.
➡️ Casos inflamatórios podem ser tratados com cetoconazol 2 % (uso curto) ou peróxido de benzoíla 2,5 % aquoso.
❌ Contraindica o uso de corticoides tópicos.
📌 AAP – Atualização do comitê de dermatologia pediátrica
Orienta conduta expectante em casos leves, mas alerta:
Se houver acometimento corporal, nódulos ou crescimento de pelos, considerar investigação hormonal (hiperandrogenismo).
Diagnóstico diferencial em 1 minuto — com a lâmpada de Wood
Um dos recursos mais simples para diferenciar lesões pustulosas é a fluorescência sob luz de Wood:
Quando tratar e quando observar
Conclusão
O diagnóstico de “espinhas de bebê” não pode ser feito por exclusão visual simplista. Com atenção ao início, presença de comedões e (se possível) uso da lâmpada de Wood, é possível definir o quadro com segurança.
Mais do que tratar, o maior risco é tratar errado — com corticoides, antibióticos desnecessários ou cremes oclusivos que só agravam a condição.
E o maior ganho? Orientar os pais com clareza e segurança clínica.
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Brasil apresenta aumento no número de casos de febre Oropouche
Só em 2025, o Brasil já ultrapassou os 10 mil casos de febre Oropouche, um aumento de 56% em relação ao ano passado.
Pela primeira vez, o país também registra mortes pela doença: três no Rio de Janeiro, uma no Espírito Santo e duas na Bahia.
Sobre a condição
A febre Oropouche é uma doença viral causada pelo vírus Oropouche (OROV), um arbovírus do gênero Orthobunyavirus.
Ela é transmitida principalmente por pequenos mosquitos chamados maruins (Culicoides paraensis), comuns em áreas tropicais e úmidas.
Após a picada de um mosquito infectado, o vírus se espalha pelo corpo, causando sintomas parecidos com os da dengue: febre alta, dores no corpo, náusea e diarreia.
A infecção costuma durar entre 2 e 7 dias e, em geral, tem evolução benigna — embora, em casos raros, possa causar meningite, encefalite e complicações letais.
Vale ressaltar que não há tratamento antiviral específico nem vacina disponível. O manejo é feito com repouso, hidratação e medicação para alívio dos sintomas.
Ciclo silvestre x Ciclo urbano
Na prática, existem dois ciclos de transmissão da febre Oropouche. O ciclo silvestre ocorre na floresta, onde animais como macacos e bichos-preguiça abrigam o vírus.
Mosquitos silvestres picam esses animais, se infectam, e podem transmitir o vírus a outros animais ou humanos que entram na mata.
Já o ciclo urbano acontece nas cidades, onde o vírus circula entre humanos, transmitido por mosquitos como o maruim e, ocasionalmente, o pernilongo comum.
Ao se espalhar sem a presença de animais silvestres, a transmissão urbana facilita surtos em regiões populosas — e é exatamente aí que mora o problema. Nos últimos anos, a prevalência urbana da febre Oropouche tem crescido significativamente.
Como se prevenir?
De modo geral, a prevenção depende do controle da exposição aos mosquitos vetores, como maruins e pernilongos. Algumas medidas importantes:
Use roupas compridas em áreas de risco;
Aplique repelente nas partes expostas da pele;
Instalar telas em portas e janelas;
Eliminar criadouros de mosquitos, como água parada em vasos, pneus, garrafas, calhas etc.
Esse conjunto de ações pode evitar boa parte dos casos, tanto em áreas rurais quanto urbanas — especialmente durante surtos.
Por fim, como os sintomas se assemelham aos da dengue, se você apresentar esses sinais, vale a pena procurar orientação médica. Para quem quiser se aprofundar, vale conferir a cartilha do Ministério da Saúde sobre a doença.
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